Começo este artigo levantando uma questão: por que motivos as técnicas de Controle Avançado ainda não são usadas de forma intensiva na indústria Brasileira?
No final da década de 80 algumas empresas precursoras das áreas de Petróleo e Petroquímica iniciaram projetos de Controle Avançado em suas plantas. Participamos de algumas destas iniciativas pioneiras e podemos lembrar-nos de vários aspectos relevantes. A instrumentação de campo era geralmente convencional e antiga. As válvulas de controle apresentavam problemas de histerese e muitas vezes não tinham posicionadores. Não existiam inversores de frequência para motores de bombas e compressores. Os sistemas digitais, SDCS´s e CLP´s eram limitados em seus recursos, não existia padronização de informações e os protocolos de comunicação eram todos proprietários. Os “softwares” disponíveis para implementar técnicas de CA eram fornecidos somente por empresas de fora do país. Estes “softwares” eram executados em computadores do tipo “mainframe”, caros e difíceis de manter sob o aspecto da tecnologia da informação.
Estes fatores acarretavam inúmeras dificuldades aos projetos de Controle Avançado. Era necessário comprar ou desenvolver tecnologia própria, integrar as informações e implementar a comunicação com os sistemas digitais. Os projetos eram caros, na ordem de um milhão de US$, e demoravam de seis meses a um ano para finalizar. Como consequência, a grande maioria das empresas nunca pensou seriamente em adotar técnicas de Controle Avançado. Todos os projetos de modernização dos sistemas de controle visavam a substituição dos painéis de controle eletrônicos analógicos por sistemas digitais. A instrumentação de campo era mantida sem modernização. Este procedimento levou muitas vezes ao seguinte questionamento por parte dos diretores das empresas: “Qual foi o nosso retorno com o investimento no projeto de modernização do controle?”. Sem poder apresentar um retorno concreto, outros projetos semelhantes foram interrompidos por decisão gerencial.
A virada de chave para o uso do Controle Avançado
Nos últimos anos a tecnologia de controle digital tem evoluído rapidamente. Os fabricantes de sistemas digitais oferecem soluções de “hardware” e “software” com maior capacidade e menor custo. A instrumentação de campo melhorou muito em sua qualidade, oferecendo inclusive a opção dos transmissores e posicionadores inteligentes. A comunicação entre sistemas foi bastante simplificada com a adoção do padrão OPC (OLE for Process Control). Algumas tecnologias de Controle Avançado finalmente saíram das universidades e estão disponíveis sob forma de ferramentas de uso mais fácil.
Toda esta disponibilidade de tecnologia para integração e implementação reduziu drasticamente os custos e prazos dos projetos de Controle Avançado. Então agora repetimos a pergunta: Por que as tecnologias de Controle Avançado ainda não são usadas em larga escala? Afinal, a maior parte dos fatores impeditivos existentes no passado, a maioria ligados às dificuldades tecnológicas, não existem mais. Verificamos que os investimentos em controle têm pouca prioridade, abaixo dos dedicados a continuidade operacional, segurança e meio-ambiente, aumentos de capacidade e otimização no processo. Esta baixa prioridade tem suas raízes na nossa própria inabilidade em demonstrar claramente os benefícios que podem ser obtidos. Acreditamos que o principal motivo para esta situação continua sendo o pouco conhecimento sobre o assunto por parte dos envolvidos no processo de modernização da planta. O Controle Avançado continua a ser visto como um assunto complicado, somente discutido por especialistas, de investimento alto e benefício incerto.
Com o intuito de esclarecer todos os seus questionamentos a respeito do Controle Avançado, nos próximos artigos iremos nos aprofundar em todas as suas funcionalidades e benefícios. Acompanhe em nosso blog e se informe sobre essa tendência tecnológica que há anos permite a modernização do setor industrial.